É curiosa a forma como o futuro consegue ser tão indefinido e relativo. Tudo gira em torno de banais chances alegóricas e nada existe por enquanto… Não podemos escutar atrás da negra porta de carvalho para mais tarde ter a miserável ideia de supor algo. Por enquanto, continuo com a fé de que as minhas preces sejam reconhecidas, pois o futuro é um ponto singular sem ponta que se lhe pegue.
Fixa; Cravada no âmago da multidão, vultos trespassam a chama que me sustenta hirta sobre os meus pés. Os rectos ponteiros do relógio da categórica igreja percorrem sempre e sempre o mesmo trajecto -sistematicamente -,de forma deveras exaustiva. Sem grandes hipóteses de me ser permitido caminhar por entre corpos mortos, apenas observo a forma como fazes gracinha com o teu sorriso. Se pudesse ao menos ter o meu tempo… Acredita que já não aí estavas! Pegaria no teu leve corpo, demovia-te de todos os teus hábitos e trazia-te para mim, como um inconquistável desejo de infância já à muito suprimido. Confirmava os rumores acerca da amargura das tuas lágrimas e purificava-as com o meu intocável Amor. Lavava os teus cabelos da poeira de todo o ódio que sentias e vestia-te de todo o meu mundo. Simplesmente retiraria de ti qualquer pedaço injustificável de saturação. Após todo esse ritual consumaria todos os teus objectos e levava-te de olhos vendados. Simplesmente levava-te comigo.
Tenho o insuprível receio de te perder para o mundo um dia. Quando ainda sinto que mal te tenho.
Agradecimentos: Margarida Torres
ahahaha
Fico à espera disso ansiosamente